domingo, 27 de dezembro de 2015

20.16

A nossa poesia já foi escrita.
É celebrada em versos póstumos
Por autores pós-modernos e incoerentes
Que anseiam pela rima em estrofes de liberdade.
A linguagem já não é a mesma e nem deve ser.
Versos soturnos de uma memória decadente.
Melancolia, Emília.
Doces olhos de castanha,
Da cor da tempestade, diríamos.
Novos tempos não são tempos perdidos.
Lapidamos nossos tons nas músicas que nos acompanham.
Ah! Nossa música!
O passado nunca esteve tão presente.
Ele está feliz.

segunda-feira, 20 de julho de 2015

O caminho de si

E se...
Odiava quando tentavam dialogar comigo fora da realidade, argumentando no "e se... fosse de outro jeito" - Sei lá, o que está feito esta feito e outras coisas são altamente previsíveis, não permitem "e se..." "vai que..". Nesse ponto, já fui bem exato. Entretanto, não costumo me prender aos meus pré-conceitos, a um perfil, gosto de experimentar novas revisões de mim, as vezes melhores, outras piores, o aprendizado é enorme, todos deveriam experimentar essa sensação, de certo modo, libertadora. Digo revisão, pois me esforço para o melhor sempre permanecer, é, tento ser uma pessoa melhor. E, em uma dessas tentativas, mergulhei nos meus sonhos, creio que tudo começou em 2010, estava me achando, em uma nova vida, enfim, um primeiro impulso de liberdade, amadurecimento e muitas e muitas novas experiências, que não vem ao caso. E nesse turbilhão de coisas, passei a tentar ver as coisas com o "e se...", e percebi que se pensássemos assim, encontraríamos diversas alternativas para tudo. E se um lápis fosse outra coisa? Um prendedor de cabelo, um espetador de amiguinhos, uma arma letal, um sino. É, nem sempre um charuto era só um charuto, e milhões de possibilidades se abriam na minha frente, para as mais diversas coisas. Cada momento, o mundo, as pessoas, tudo é tão infinito, que nem percebemos a finitude dessas coisas! E isso é lindo e continua a ser! Acredito que é isso que faz brilhar nos olhos de nós jovens! E que nos fazem sentir aquela revolta por dentro... De fato, se as pessoas conseguissem olhar além das realidades ou possibilidades concretas! Mas se ao menos elas tivessem oportunidades de poder fazer isso e fazer acontecer. Só que nem sempre a vida é assim. A gente vai se moldando e o brilho jovem vai se perdendo. Não sei se é o sistema, porque até mesmo ele parece tão simples de ser modificado se quisermos. Acredito que somos nós. E os "e se..." só servem hoje para fazer previsões de cenários econômicos. Nem políticos eu digo mais. Acho que estou na crise dos 23 anos, tenho que objetivar algumas metas para sobreviver nesse mundo, algumas grandes responsabilidades que as vezes eu preferia ser abduzido por uma nave e fazer amizade com alienígenas, enfim, sou uma pessoa estranha. Porém, hoje, senti uma euforia de alegria enorme quando sentei e pensei no meu futuro da maneira mais simples dentro da minha realidade. Agradeço todos os dias às oportunidades e pessoas maravilhosas que tive em minha vida e me ajudaram a construir esse caminho mais simples que eu planejei, porém muito confortável. E essa felicidade veio do fato de eu ter descartado alguns sonhos vindos das possibilidade dos "e ses...", de ter me posicionado de maneira mais realista o possível, deixando sobrar, é claro, o correr atrás. Senti uma euforia, uma vontade de comemorar, pois, graças às oportunidades que tive, o caminho planejado pretende ser cheio de surpresas e aventuras. Seria bom que todas as pessoas vissem nossos próprios caminhos dessa forma. Mas algo nos contamina. Talvez sejam os julgamentos que fazem das pessoas e do modo de vida de cada um. Julgar é perder tempo para amar, para se surpreender, para se libertar e viver. Ainda que pudesse estar feliz, ainda sinto um vazio revoltante, uma revolta desarmada. Abandonei os "e ses..." pra seguir o caminho de si. Há uma alegre euforia libertadora, mas que não se arrisca, e, pode não mudar nada a sua volta ou, sem querer, pode sim. É, talvez, mesmo nos caminhos mais exatos, os "e ses..." continuem. Mas que não sejam justificativas para o que esta feito.

segunda-feira, 22 de junho de 2015

Transparências

Dizem que a percepção é um dos meus pontos fortes
E se hoje olho adiante e sei o que enxergar, isso se deve ao que experimentei e vivi.
Porém, deve-se revisitar o passado somente quando olhamos o presente.
Ou o futuro, talvez, mas apenas se compensar.
Indisciplinado, como sempre fui, me revisito no presente e no passado todos os dias
Só assim me encontro, no desencontro do presente, nos nossos encontros do passado.

Depois, é só saudade.


domingo, 21 de junho de 2015

La Reina

Há uma coisa que não falam sobre contos de fadas,
As histórias das rainhas.
Não tão românticas quanto a de princesas
Essas histórias tem a solidão como plano de fundo
Uma solidão consentida, mas que, mesmo assim, não se esquiva da dor.
Escolhas.
Te encontro e nos olhos, a pupila dilata, confundida.
Não se pode demonstrar o sentimento em seu próprio reino. 
Travada. Perseguida por si só, por dentro.
Permitir-se a ser o que realmente se é e 
Seguir o que realmente se quer, parece ser um caminho solitário.
E quando o desejo é alcançado, deve-se lutar para mantê-lo.
E a nossa maior luta é com nós mesmos. 
Por que é que a gente é assim?
Em que momento a razão dará voz ao coração?


domingo, 22 de fevereiro de 2015

A passagem de um colapso

Há certas coisas que acontecem tal qual a morte.
A dinâmica dos acontecimentos não permite despedida,
Simplesmente é o final e o adeus é seco.
E então você já está em outra.
Sinto-me como se estivesse começado a vida fora de casa,
É a mesma sensação, uma angústia meio que de insegurança.
Será que estou no caminho certo?
Estou andando para onde o nariz apontar.
Talvez devesse me importar menos e viver mais.
Mas parece que eu to passando em branco pela vida.
Sem sentido.
Eu aproveito todos os dias, dia após dia.
E o dia passa.
Não vejo sentido, nem retorno do universo.
Eis a transição!
Não somos tão novos, e nem tão velhos.
Não substituiremos ninguém.
Apenas seremos substituídos.
E ninguém se importa.
Os dias acabam.
A vida continua...


sábado, 21 de fevereiro de 2015

O dia do não

Apenas me digam
Me digam o porquê
O porquê de a cada dia

A cada dia eu me distanciar ainda mais
Mais daqueles de quem eu deveria estar mais perto?
Eis o dia do não.

Vangloriando-se como se fosse um sim
Em uma equação inexata e,
Novamente, tornando tudo talvez.
Talvez,
Outra vez?

Traga-me pra perto
Roube-me de longe
Arranca-me de mim
Gaste-se comigo
Alcance-se em mim

Mas que seja doce, estou farto de dias do não!
E então me abrace para que o dia apenas termine bem.

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

Sobre Deus

Um dos maiores e mais belos questionamentos que podemos ter em nossas vidas, é quando questionamos Deus. Nesse momento, apesar de parecer pouco, aprendemos muito sobre a vida e sobre nós mesmos. E é belo saber que, nesse momento, não negamos a existência de algo superior à nossa própria. É um sentir-se fraco, ínfimo e sem importância para se sentir forte e ter consciência do nosso propósito, das nossas relações com o mundo e com nossos iguais.
E é lindo que essa descoberta venha por nós mesmos, nos nossos sonhos, na nossa fé, em nossas metas, erros e fracassos e também em nossa utopia. É daí que se cria a consciência, um insumo raro e capaz de produz as essências mais refinadas da natureza, o respeito e a gentileza.

Seja o que vier, é bom lembrar que é preciso a chuva pra poder florir. 

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

Nosso tempo - lira dos vinte anos no século vinte e um

Nasci na década de noventa
Ainda estou na brilhantina dos vinte
Ainda quero salvar o mundo
Um mundo em crise
E que parece sem solução

É dois mil e quinze
Uma época de transição
Onde ladrão que rouba cidadão
Ganha mil anos de perdão
E liberdade de opressão

Quero a minha liberdade reluzente, em cores de vida
Dizem que a paleta da Pantone é a melhor
E a câmera do iPhone, com a melhor resolução
Que doce ilusão
A lira dos vinte no romantismo do século 21

Sem rima
Sem vida
Sem expressão
Um tiro, uma boma, a explosão.
Duraremos pouco, então?

Eu que via as coisas com beleza, saia sozinho, dando a mim mesmo a liberdade de ser o que sou -engraçada a sensação de poder fazer tudo quando imaginamos estar sozinhos - Tudo podia girar em torno de mim! Mas, apesar disso, sei que sou insignificante diante do olhar de uma câmera. Será deus? Eu me pergunto.
E ao contrario de o mundo ter que se movimentar até mim, eu é que tenho que me movimentar para ver, sentir, cheirar, abraçar, gritar tudo o que eu quiser! Aí eu percebo que o poder de fazer tudo o que eu quiser não esta no mundo mas esta em mim mesmo.A lição do vilão emprestada ao herói.

Eu sozinho,
Na rua
E a câmera,
Com você.
Seremos heróis ou vilões?

Liberdade? Liberty? Liberté?

Hoje me dei conta de algo assustador e que nem ao menos nos damos conta de que ocorre.
Escrevi sem saber sobre o robotizar-se, a robotização do cotidiano e da esfera privada e até íntima da vida, mas parece que não há saída para isso. Lendo algumas reportagens sobre liberdade na internet, segurança virtual (que ainda é rudimentar para muitos casos), percebi a gravidade do fato de que podemos ser controlados por qualquer pessoa em qualquer lugar do planeta, por nossos celulares, tablets, e até mesmo - pasmem - pelo nosso GPS. Mas até então, nenhuma grande novidade. Pois bem, eis que descobri que podemos, por consequência do uso desses aparelhos, pelo nosso perfil nas redes sociais, ter traçados nossas preferências como usuários, um grande histórico sobre nós mesmos e que nós nem ao menos temos ideia do que se trata e a que ou a quem o uso desse conteúdo é destinado. Será que nossa vida pode ser roubada? Não duvido. Somos robôs, que podem ser copiados, duplicados, triplicados, enfim! Muito cuidado! Ah! Outra coisa, o uso de GPS nos carros, pode deixar nossos veículos vulneráveis e fora de nosso controle, além de  também captarem as preferências dos motoristas. Isso ocorre, pois utilizam conexão via satélite para nos guiar. Imaginem só a catástrofe se um grupo de pessoas resolve criar um congestionamento ou guiar os carros para uma área de risco? É uma situação muito complicada, complexa e tensa, mas que agora pretendo saber mais sobre. Apesar de defender a ideia de não nos robotizarmos, estar alheio a esse processo nos torna reféns em uma armadilha que poderia ser evitada por nós mesmos e que precisa, desde já, de o mínimo de conscientização para que possamos nos proteger ou buscar soluções e melhorias, ou então, ter o mínimo de domínio sobre esses nossos históricos e perfis, para ao menos saber e controlar pra quê e para quem essas informações estão sendo utilizadas. E no Brasil, a discussão parece ainda não existir, pois temos uma mídia também interessada por essas informações. Por outro lado, essa quebra de privacidade e de liberdade, pode trazer segurança em casos extremos, cujas palavras não citarei aqui, mas até que ponto poderia ser aceitável? Defendemos uma democracia, mas eis um agravante, uma veia que está prestes a estourar, o tempo ruge, a tecnologia e o conhecimento da população sobre tais meios avança, e então, o que faremos? Até onde vai a nossa liberdade e a nossa sobrevivência? Será que deveríamos mentir sobre nós mesmos? Só sei que, em breve, teremos novas reflexões, mais textos e poesias!

Não sei nem por onde começar, acho que o desejo de quem escreve é ter bons leitores, de modo que recebam suas mensagens e que estas possam transformar vidas de maneira positiva, quem sabe possamos salvar um ao outro? Pois, creio que em tempos como este, o individualismo deve ser carta fora do baralho, somente com colaboração conseguiremos nos ajudar, e consciência sobre o que nos cerca, sobre todas as re-significações que a vida toma. Mas, cuidado, nesse vasto mundo virtual até mesmo a leitura deve ser cuidadosa - o lixo só aumenta.



quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

Das palavras que não poderão ser ditas - breve história de um adeus.

O primeiro olhar remetia ao cheiro da laranja apodrecida que preenchia os cantos de uma cidade inteira. Uma imagem decrépita e doente, razões enevoadas pela pureza da humanidade como em suas diversas formas, e essa era uma delas, inútil, incompreendida, que faz com que meu coração, hoje, se corroa com a saudade da partida que ainda nem foi. Parte decomposta da vida em que brota o sentir despercebido de preocupações ou revisões - eramos assim e pronto - alma e coração, um punhado de história e poesia, como todos somos enquanto nossos corpos calcorrem em sua auto-putrefação sem ninguém perceber, exceto eu e você. 
A vida nunca me pareceu ter maior sentido ao seu lado. Sem intenções, simplesmente aprendi a vê-la de outra forma e, sabemos, é tudo tão escuro quanto a noite sem estrelas - e continua sendo. Como dar o próximo passo sem você? É algo que eu preciso aprender. E quando for a hora de responder ao seu "vem comigo?", será que deverei ir? Será que acontecerá?
Pouco mais de um ano, esse é o nosso tempo caminhante em velocidade constante, estivemos sempre juntos, mesmo longes, e nada de vozes ápodes, toques imaginários, desejos doces, sorrisos amarelos e nem mesmo um poema. E não falo de Ti, falo do nosso adeus. Por aqui, o que eu escrevo parece não acontecer e talvez essa seja uma tentativa de que nossa despedida não ocorra. Por que é tão difícil, meu fiel amigo?
As vezes, sinto apenas que preciso te esquecer e você a mim. 
Mas não, simplesmente já não podemos mais.
E assim deverei ir, a morrer de saudades.



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