sábado, 30 de março de 2013

O último ensaio

Transcrevo aqui, minha última carta escrita, a última vez em que me preparei para a morte. Meu último ensaio, afinal é vida, apesar de breve, é um longo ensaio.

"Quem dera eu pudesse ter o privilégio de dizer meus últimos pedidos antes de morrer e estes fossem atendidos. Mas se eu fosse morrer dentro de instantes, bem, não tão rápido assim, pois, como dizem, um filme de nossa vida passa diante de nossos olhos, em nossa mente, instantes antes de morrermos, mas acho que este processo é lento, vai passando aos poucos, sem que percebamos enquanto vivemos, sem que demos conta que, por mais rápido que o tempo passe, ele está parado, apenas esperamos a morte chegar. E é assim para que não precisemos olhar para trás e dizer que nos arrependemos do que não fizemos, ou então, para no final encontrarmos um arrependimento que não possa ser reparado.
Ah! Quem dera os arrependimentos resumissem alguma coisa no final. Daqui, realmente, nada se leva. Por isso, em meus últimos momentos, nada melhor do que admirar-me, poder dizer, afinal, que quando me chamavam de covarde, bem, eu é quem ria disso - que tudo isso era, na verdade, para me alegrar. Pena que nem a admiração ou orgulho vou levar daqui. As memórias e os feitos ficarão somente com as pessoas que se lembrarem, e que também passarão. Quem dera ao menos nossa memória restasse.  Bem, não seria justo com a vida se isso ocorresse - porque vivermos de lembranças, muitas vezes tristes e que não voltariam nunca mais? A vida não se resume a isso e a morte, como já dizia Manuel Bandeira, meu grande amigo, a morte é um milagre! Simplesmente porque não levamos nada daqui! Isso me dá força para seguir e encontrar o meu breve destino. 
Mas, afastemo-nos do egoísmo de mim, quem dera meus pedidos fossem atendidos. Quem sou para pedir algo, enquanto, por conta da efemeridade da vida, e da morte, que valida os milagres, talvez, não vemos ou fingimos que não vemos e deixamos todas aquelas crianças famintas morrerem de fome, todos os dias, e que ainda dormem dando graças (a quem?) por poderem dormir, e quem sabe, nunca mais acordarem, pois isso acabaria com todo seu sofrimento e, dignamente, servirem de alimento aos abutres! Quem dera estas mesmas crianças tivessem a mesma oportunidade que eu tenho de serem ouvidas,e  que o último desejo de suas vidas fossem viajar para a Disney, ao invés de pedirem, em seus últimos suspiros: "Comida, (a quem?), porque me abandonastes?" Duvido que deus tenha as abandonado. O único pecado dessas crianças foi terem nascido em um mundo egoísta, de pessoas egoístas, que tão só existem, escolhendo ser pseudo-felizes achando que vão levar algo daqui, mas não mais vivem, já que nem a existência levamos com a morte.
Agora olhe para si mesmo, como eu me olho, e sinta a mesma vergonha que eu sinto, bem, nem a vergonha levaremos daqui. Quando olhei para mim, logo percebi que era só mais um no mundo, como aquela criança que deixei e deixamos morrer. Porquê? Porque não quisemos vê-la, a esquecemos como a morte e a vida um dia nos esquecerão!  E por isso ainda, este é meu último castigo, embora não haja perdão para tal pecado, deverei morrer, tornar-me esquecimento e não ter meus últimos desejos alcançados. Esta fora minha última doce e amarga ilusão! Aliás, as pessoas fazem seus últimos pedidos com tamanha convicção que me fazem perguntar: Onde estava nossa ética, nossa moral, nossa dignidade? Que dignidade temos para querer alguma coisa, se nem meu corpo poderei deixar para os abutres comerem como aquelas crianças, dignamente fizeram, sem que seus pedidos fossem atendidos, nem ao menos pelo que há de mais sagrado existente?
Daqui nada se leva, nem nada fica. Um dia tudo que existiu é esquecido, se decompõe e explode! Para nos tornarmos novamente matéria de estrelas e depois renascermos, como crianças famintas que, sem comida, morrem e morrerão e morrerão e morrerão.
E eu ainda estou querendo algo? Que alguém leia o texto e, talvez, mobilize-se? Quem dera eu fosse digno de pedir que meus últimos pedidos se realizassem."



☆ 10-01-1992
 xx-xx-xxxx
"Tudo tem um tempo e limite"

sexta-feira, 29 de março de 2013

L'amour dans un sourire


Votre nom marque encore mes lèvres
Dans d'un muscle qui se déplace de mon corps
C'est votre pouvoir.
Vous dites que nous vivons en harmonie
Bien que nous ne sommes pas ensemble.
Vous me déplacez dans une vibrante synesthésie,
Je sens le café et la cigarette melangés dans ma bouche
Dans mes rêves - pas.
Je n'essaie pas d'atteindre le ciel à nouveau.
Vous dites que nous vivons en harmonie
Et c'est notre chanson - une vibrante synesthésie!
Vous me déplacez,
Et je suis le mouvement de mes lèvres
Et ce qu'ils écrivent.
J'ai souri.



Do que valem os sorrisos, se muitas e muitas vezes eles não são diários, me pergunto. Esta é uma questão que eu talvez tenha que aprender. 

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