domingo, 30 de junho de 2013

Infância

As lágrimas tomam contam dos olhos ao ver crianças.
O movimento dos corpos como uma dança é natural do ser humano, eis a verdadeira felicidade.
A infância legítima só acontece uma vez enquanto a engessadura se torna cada vez mais resistente!
As pernas colocam-se em movimento de marcha pelo capitão do regime Olhos.
Um movimento contra é um crime contra o natural para aquele que já passou a infância.
Caso em julgado,
Determina sua absolvição, o brigadeiro Olhos da Inocência, a criança.
Um convite à realidade!
Invisível a quem já passou a infância.
Deve ser por isso que as crianças parecem se entendem por mais que tenham diferentes idades.
Ou mesmo entre os bebês!
Meu avô tem alzheimer, minha avó também. Já se esquecem de tomar banho, comer, e até mesmo quem eu sou e, as vezes, quem eles mesmos são.
A infância, reencontra sua face no alzheimer da velhice. A realidade foge dos olhos do regime!
O movimento é sempre um crime para aqueles que já passaram a infância e não encontraram a velhice,
Prenderam-se à fictícia normalidade, uma irreal materialidade. Não respeitam nem aprendem com o alzheimer.
Não há loucos nem santos, nem novos nem velhos. A vida delimitada pela ident'idade é um paradoxo.
A dualidade é talvez a sorte do entendimento, o começo e o fim são a mesma coisa!
O que fica entre é o que determinaremos.
A única certeza que existe no ventre.
À morte, entre!



quarta-feira, 12 de junho de 2013

Au revoir! - comp. nº 135 / public. nº 100

Quem dera eu ao menos pudesse ter dito adeus.
E assim, eu deixei aquele pássaro de plumas livres tomar seu voo sem volta.
Nunca o tive nas mãos, mas com ele aprendi a olhar o céu, além da copa das árvores
E perceber o encanto das musas.
Tentava tocá-lo mas cada passo que eu me aproximava, ele ousava fugir e sempre voltava.
Ele era o próprio céu
E o seu encanto era o seu sorriso,
O estranho fato de conseguir um movimento contínuo e infinito dos meus lábios.
Eis uma paixão ardente, árida, e de reconquistas - um aprendizado.
Quem dera eu pudesse tê-lo em minhas mãos, guardado comigo - que egoísmo!
O meu pecado é o meu egoísmo. Ele era um pássaro de virtudes.
Suas asas nunca me levaram para longe, esse não era o propósito.
Aventurei-me em meu voo de arte e adrenalina e caí.
Os sentidos atraiam-se e repeliam-se enquanto os sentimentos tomavam formas variadas.
Nossos corpos nunca estiveram juntos.
Fazia do papel branco minha concretude - as recordações, estáticas, contínuas, elípticas
Logo me faziam escrever. Essa era a forma que eu inventei para estar junto a ele.
Hoje estou lendo os meus poemas de trás para frente.
Essa é a parte sólida da lembrança, uma réstia de vida de onde brota esperança.
Estamos  no ponto de chegada de uma elipse em movimento contínuo - a partida.
Quando olhávamos para o céu, inocentes, criativos, inconstantes e, por vezes, incompreendidos.
Os adultos nunca acreditariam que podemos tornar nossas irreais possibilidades
Em nossa surreal realidade! Mas deixei acontecer, os sonhos sempre foram de me encontrar.
Pássaro, pássaro, um dia admirando o céu me pergunta:
Acreditas em anjo? E diz: Eu sou o seu.
Suas palavras me soavam a encantos, para, talvez, salvarem-me.
Entretanto, embebido de egoísmo e adrenalina - de fato, nunca soube me controlar.
Ao dizer que nada dura para sempre, sua voz tomou um tom ápode,
E sua imagem fantasma, transfiguravam-se em minha mente.
Meu egoísmo me iludira, criara uma realidade irreal que se perdera - era loucura, uma obsessão.
Bendita a perda - o que abranda meu coração que não te esquece, é acreditar que nada é para sempre.
As nuvens tomaram o céu e o meu pássaro desaparecera.
Não havia mais luz, não havia mais inspirações, tudo parecia estar posto em cheque. 
Cada passo que dava era incerto, era um sacrifício. O mistério.
No tabuleiro, o branco e o preto se misturavam com o vermelho das feridas.
Se uma coisa eu aprendi é que só não devemos viver para deixar de.
Mesmo que as vezes os dias estejam completamente silenciosos,
Eles só deixam de ser quentes e misteriosos se deixarmos de. 
O tempo.
Reencontrar-te deu a um caminhante sem destino, o seu novo. Mas o mesmo erro me acompanhara.
Eu só queria saber o que ele pensava.
E que reconhecesse o meu amor pelo céu. Que é como eu amo.
O admiro todos os dias, acredito que seja real, concreto, de carne e osso. E eu apenas não consigo tocá-lo.
Talvez não seja o toque. Talvez seja o poder, ou simplesmente o meu não-poder. Descubro-me.
E percebo que transformei a vida em um doce diário. Não há palavras, pois não há limites.
Esqueço-me de mim. E o pássaro também me esquecera.
Uma chance, ao contrário do que dizem, não aparece do nada.
É uma eterna busca de reconquistas diárias. A cada novo dia criávamos um novo sentido.
Para re-amar, re-viver e movimentar os lábios em um novo sorriso.
Aí percebi que já não era a mesma coisa. O céu estava sempre nublado.
A noite chegava e passava mais rápida. E o pássaro já não me acompanhava como antes.
Restara-me aprender com os orvalhos o segredo de um dia após o outro.
Em meus sonhos sem corpos, tudo estava branco. E eu me via sozinho.
O branco me fez recordar, me re-fez pecador, e hoje me faz ver as nuvens do dia quente!
O pássaro me deixara.
Aos poucos o esquecimento tão reclamado e o afastamento tão exigido foram se concretizando.
A sensação de estar sozinho era (e é) horrível.
Nenhuma metáfora intimista o suficiente conseguirá definir essa triste condição.
O que me prova que eu estou longe de me conhecer, longe de me definir, longe dos meus próprios limites.
Um dia o pássaro cruzara o meu céu novamente. Trazendo de volta o meu mais sincero sorriso. 
A beleza daquele momento era (e é) algo inexplicável e único.
Ah! Como a vida é engraçada e embaraçosa! Percebia.
Quando te conheci, meu pássaro, pela primeira vez sentia que algo tinha uma ligação.
E quem sabe tudo poderia ter sido tão mais simples como colocar a linha em uma agulha,
Se eu não acreditasse que eu pudesse te fazer feliz ou fazer todos a minha volta felizes?
Era por isso que precisava sentir-te todos os dias e confortar-me com a tua voz todas as noites,
Mesmo que interrompidas por paixões, as quais julgava entender sem compreendê-las de fato. 
Queria você todos os dias.
Mas quando não corremos atrás do que queremos, nada ultrapassa a fronteira do sonho e da realidade.
Acreditei que poderia ter as pessoas que mais amava sempre para perto de mim.
Porém, fui o pecador egoísta. O ópio do poder me fez perder a razão.
Já não sei se ainda existe uma chance de reviver conquistas e reconquistas diárias.
E quem dera, hoje, eu pudesse dizer ao menos um adeus e o último eu te amo
Ao pássaro que tomou seu voo, nunca mais voltou, nem nunca mais voltará.
Todos os dias, levar-te-ei na solidez da memória,
E eu sempre vou te amar.

O pássaro gosta do mar. 




Saudades!

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