domingo, 22 de fevereiro de 2015

A passagem de um colapso

Há certas coisas que acontecem tal qual a morte.
A dinâmica dos acontecimentos não permite despedida,
Simplesmente é o final e o adeus é seco.
E então você já está em outra.
Sinto-me como se estivesse começado a vida fora de casa,
É a mesma sensação, uma angústia meio que de insegurança.
Será que estou no caminho certo?
Estou andando para onde o nariz apontar.
Talvez devesse me importar menos e viver mais.
Mas parece que eu to passando em branco pela vida.
Sem sentido.
Eu aproveito todos os dias, dia após dia.
E o dia passa.
Não vejo sentido, nem retorno do universo.
Eis a transição!
Não somos tão novos, e nem tão velhos.
Não substituiremos ninguém.
Apenas seremos substituídos.
E ninguém se importa.
Os dias acabam.
A vida continua...


sábado, 21 de fevereiro de 2015

O dia do não

Apenas me digam
Me digam o porquê
O porquê de a cada dia

A cada dia eu me distanciar ainda mais
Mais daqueles de quem eu deveria estar mais perto?
Eis o dia do não.

Vangloriando-se como se fosse um sim
Em uma equação inexata e,
Novamente, tornando tudo talvez.
Talvez,
Outra vez?

Traga-me pra perto
Roube-me de longe
Arranca-me de mim
Gaste-se comigo
Alcance-se em mim

Mas que seja doce, estou farto de dias do não!
E então me abrace para que o dia apenas termine bem.

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

Sobre Deus

Um dos maiores e mais belos questionamentos que podemos ter em nossas vidas, é quando questionamos Deus. Nesse momento, apesar de parecer pouco, aprendemos muito sobre a vida e sobre nós mesmos. E é belo saber que, nesse momento, não negamos a existência de algo superior à nossa própria. É um sentir-se fraco, ínfimo e sem importância para se sentir forte e ter consciência do nosso propósito, das nossas relações com o mundo e com nossos iguais.
E é lindo que essa descoberta venha por nós mesmos, nos nossos sonhos, na nossa fé, em nossas metas, erros e fracassos e também em nossa utopia. É daí que se cria a consciência, um insumo raro e capaz de produz as essências mais refinadas da natureza, o respeito e a gentileza.

Seja o que vier, é bom lembrar que é preciso a chuva pra poder florir. 

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

Nosso tempo - lira dos vinte anos no século vinte e um

Nasci na década de noventa
Ainda estou na brilhantina dos vinte
Ainda quero salvar o mundo
Um mundo em crise
E que parece sem solução

É dois mil e quinze
Uma época de transição
Onde ladrão que rouba cidadão
Ganha mil anos de perdão
E liberdade de opressão

Quero a minha liberdade reluzente, em cores de vida
Dizem que a paleta da Pantone é a melhor
E a câmera do iPhone, com a melhor resolução
Que doce ilusão
A lira dos vinte no romantismo do século 21

Sem rima
Sem vida
Sem expressão
Um tiro, uma boma, a explosão.
Duraremos pouco, então?

Eu que via as coisas com beleza, saia sozinho, dando a mim mesmo a liberdade de ser o que sou -engraçada a sensação de poder fazer tudo quando imaginamos estar sozinhos - Tudo podia girar em torno de mim! Mas, apesar disso, sei que sou insignificante diante do olhar de uma câmera. Será deus? Eu me pergunto.
E ao contrario de o mundo ter que se movimentar até mim, eu é que tenho que me movimentar para ver, sentir, cheirar, abraçar, gritar tudo o que eu quiser! Aí eu percebo que o poder de fazer tudo o que eu quiser não esta no mundo mas esta em mim mesmo.A lição do vilão emprestada ao herói.

Eu sozinho,
Na rua
E a câmera,
Com você.
Seremos heróis ou vilões?

Liberdade? Liberty? Liberté?

Hoje me dei conta de algo assustador e que nem ao menos nos damos conta de que ocorre.
Escrevi sem saber sobre o robotizar-se, a robotização do cotidiano e da esfera privada e até íntima da vida, mas parece que não há saída para isso. Lendo algumas reportagens sobre liberdade na internet, segurança virtual (que ainda é rudimentar para muitos casos), percebi a gravidade do fato de que podemos ser controlados por qualquer pessoa em qualquer lugar do planeta, por nossos celulares, tablets, e até mesmo - pasmem - pelo nosso GPS. Mas até então, nenhuma grande novidade. Pois bem, eis que descobri que podemos, por consequência do uso desses aparelhos, pelo nosso perfil nas redes sociais, ter traçados nossas preferências como usuários, um grande histórico sobre nós mesmos e que nós nem ao menos temos ideia do que se trata e a que ou a quem o uso desse conteúdo é destinado. Será que nossa vida pode ser roubada? Não duvido. Somos robôs, que podem ser copiados, duplicados, triplicados, enfim! Muito cuidado! Ah! Outra coisa, o uso de GPS nos carros, pode deixar nossos veículos vulneráveis e fora de nosso controle, além de  também captarem as preferências dos motoristas. Isso ocorre, pois utilizam conexão via satélite para nos guiar. Imaginem só a catástrofe se um grupo de pessoas resolve criar um congestionamento ou guiar os carros para uma área de risco? É uma situação muito complicada, complexa e tensa, mas que agora pretendo saber mais sobre. Apesar de defender a ideia de não nos robotizarmos, estar alheio a esse processo nos torna reféns em uma armadilha que poderia ser evitada por nós mesmos e que precisa, desde já, de o mínimo de conscientização para que possamos nos proteger ou buscar soluções e melhorias, ou então, ter o mínimo de domínio sobre esses nossos históricos e perfis, para ao menos saber e controlar pra quê e para quem essas informações estão sendo utilizadas. E no Brasil, a discussão parece ainda não existir, pois temos uma mídia também interessada por essas informações. Por outro lado, essa quebra de privacidade e de liberdade, pode trazer segurança em casos extremos, cujas palavras não citarei aqui, mas até que ponto poderia ser aceitável? Defendemos uma democracia, mas eis um agravante, uma veia que está prestes a estourar, o tempo ruge, a tecnologia e o conhecimento da população sobre tais meios avança, e então, o que faremos? Até onde vai a nossa liberdade e a nossa sobrevivência? Será que deveríamos mentir sobre nós mesmos? Só sei que, em breve, teremos novas reflexões, mais textos e poesias!

Não sei nem por onde começar, acho que o desejo de quem escreve é ter bons leitores, de modo que recebam suas mensagens e que estas possam transformar vidas de maneira positiva, quem sabe possamos salvar um ao outro? Pois, creio que em tempos como este, o individualismo deve ser carta fora do baralho, somente com colaboração conseguiremos nos ajudar, e consciência sobre o que nos cerca, sobre todas as re-significações que a vida toma. Mas, cuidado, nesse vasto mundo virtual até mesmo a leitura deve ser cuidadosa - o lixo só aumenta.



quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

Das palavras que não poderão ser ditas - breve história de um adeus.

O primeiro olhar remetia ao cheiro da laranja apodrecida que preenchia os cantos de uma cidade inteira. Uma imagem decrépita e doente, razões enevoadas pela pureza da humanidade como em suas diversas formas, e essa era uma delas, inútil, incompreendida, que faz com que meu coração, hoje, se corroa com a saudade da partida que ainda nem foi. Parte decomposta da vida em que brota o sentir despercebido de preocupações ou revisões - eramos assim e pronto - alma e coração, um punhado de história e poesia, como todos somos enquanto nossos corpos calcorrem em sua auto-putrefação sem ninguém perceber, exceto eu e você. 
A vida nunca me pareceu ter maior sentido ao seu lado. Sem intenções, simplesmente aprendi a vê-la de outra forma e, sabemos, é tudo tão escuro quanto a noite sem estrelas - e continua sendo. Como dar o próximo passo sem você? É algo que eu preciso aprender. E quando for a hora de responder ao seu "vem comigo?", será que deverei ir? Será que acontecerá?
Pouco mais de um ano, esse é o nosso tempo caminhante em velocidade constante, estivemos sempre juntos, mesmo longes, e nada de vozes ápodes, toques imaginários, desejos doces, sorrisos amarelos e nem mesmo um poema. E não falo de Ti, falo do nosso adeus. Por aqui, o que eu escrevo parece não acontecer e talvez essa seja uma tentativa de que nossa despedida não ocorra. Por que é tão difícil, meu fiel amigo?
As vezes, sinto apenas que preciso te esquecer e você a mim. 
Mas não, simplesmente já não podemos mais.
E assim deverei ir, a morrer de saudades.



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