sábado, 4 de outubro de 2014

Sentimento de liberdade - a qual nos privamos

O sentimento de rasgar-me a começar pela garganta para sentir o que eu já havia esquecido sem olhar para trás, e me revisar, tomara conta de mim, por uma ou duas vezes, e por uma infinidade que virá. Eis o erro da definição. Nunca deve ser a mesma coisa, se for, é uma revisão, um plágio, um deja-vú. É triste colocar fim a um sentimento e privar-me dele, para ser diferente numa próxima vez. As palavras já são escassas por aqui e, recentemente, tenho me utilizado de diferentes imagens e ideias clichés. Ah! O amor nos deixa bobos, nos enlouquece e depois nos abandona. Maldito. E em consequência, a ojeriza da revisão, a repugnância de nossos reflexos do passado, do que nós fomos, de como agimos, do que falamos - tudo se ridiculariza e se esconde. Quem sabe algum dia seja resgatado? Talvez o amor genuíno seja um pouco disso. Um pouco de negar-se.
Mas que seja bem pouco.

terça-feira, 17 de junho de 2014

Artifícios do artificial

Apesar de achar que este blog não tenha mais espaços para meus novos textos pois não representam seu propósito inicial, sinto que esse ainda seja um lugar seguro para os meus pensamentos. Quando eu penso em Oko Haizenwögger, devo estar louco, pois é um espaço meu, criado por mim, mas materializado virtualmente por mim e concretizado em sensações na minha realidade. E chega a ser tão absurda a sua realidade que eu o considero real. Afinal, quantos pseudônimos, heterônimos, não nos confundem, na realidade, com a materialização dos próprios autores, por exemplo? Álvaro de Campos, Alberto Caieiro, Ricardo Reis. A virtualidade, como assim chamamos, está mais próxima da realidade do que pensamos. Ou talvez nos prendemos a uma realidade irreal, em que mais que ações ou partes materiais, temos psique, sensações que por vezes não controlamos e que pensamos que podem ser desligadas, enquanto a matéria transformada. Mas tudo porque não sabemos. Se a filosofia é, das partes mecânicas imagéticas das ciências, a mais fluida, porque ela deveria morrer? As invenções trouxeram consigo as artificialidades, todas elas, virtuais ou materiais, programadas a determinado fim, desde a descoberta do fogo. A vida é o que está fora do artificial. Retorno ao humano. E a vida humana é o ser humano, o animal humano e sua artificialidade. A artificialidade é o que dá ao humano o aspecto de "ser" humano, pois, como ele poderia perceber-se sendo algo que ele já é? A nova filosofia vem da artificialidade que, como ciência, deveria estudar as construções, os monumentos do artificial, virtual, a partir de experimentações. E assim, o humano. 

Escuto melodias de dois minutos e meio. Penso: "Quantas palavras posso escrever em dois minutos e meio?" Parece uma eternidade. Escrevo as primeiras coisas que vêm a minha cabeça e que dão sentido ao que estou escrevendo. Há momentos em que eu paro para pensar, e penso: "Há momentos em que paramos de pensar para pensar?" Paro, e olho o que eu escrevo. Será que isso é uma necessidade da escrita? A música caminha para o fim e eu termino antes que ela acabe. 

Quantas vezes não terminamos coisas por sentir que estão no fim sem ao menos que ela termine de fato? Descartando a possibilidade de apertar o play de novo. Eu escrevi ao passo em que uma música ressoava cerca de 84 palavras. Poderia ser menos ou ser mais, e o que restou, o dado escrito, quem saberá se foi verdade ou não que ele terminou ao terminar a música? Descartamos possibilidades, pois não pensamos nelas. Escrevi coisas sem pensar, e delas surgiram coisas para pensar. Em que você consegue pensar ao escrever coisas sem pensar? 

O tempo nunca me pareceu tão volátil. 

Obra em vidro de Mauro Bonaventura

domingo, 15 de junho de 2014

Sexta-feira 13 - Auto Antropofagia Magia

Os sentidos afloraram-se a ponto de sentir o esquecimento!
Sorrisos apagados, memórias que tomaram formas distintas,
Isso é, por mais triste que pareça, evoluir.

Retiram-me pela minha própria goela
Do meu próprio estrangulamento,
A ponto de olhar-me entreposto a espelhos do futuro e do passado
E regurgitar minhas próprias revisões.

E pode ser isso o que se sente quando nos permitimos novamente a amar.
E o talvez como confirmação.

Sexta-feira 13 costuma pressagiar um dia de azar,
Mas não quando em noites de lua cheia.
Da piscadela e do aperto de mãos
Nasceu um novíssimo, inesquecível e sincero sorriso.
Gravados na sua e na minha memória
De um lugar secreto ao som de Madonna e outras bitches
Dois pontos brilharam no universo aquecendo imensidões sem serem vistos.

E esse foi o primeiro dia.
O segundo foi negação,
Que faz parte da posterior aceitação.
E aceitar significa tomar os riscos
Para riscar os riscos, os medos, o pode ser...
E enfim, ser, vivo!





sexta-feira, 13 de junho de 2014

O Cotidiano Normativo - Da vida e seu manual

Ninguém se coloca no nosso lugar.
A gente quer viver no automático, que é a normalidade de sempre, e a gente nem ao menos consegue sair dela em situações que demandam isso. 
Qual é a forma do normal? O que é ser humano?
Por que excluímos outras formas de ser humano? Loucos, mulheres, gays, ninfomaníacos...
Esse é um mundo perverso.


Nada dura para sempre. 
Como eu poderia usar o NUNCA ou QUALQUER DIA sabendo disso?

Ao som de Lana del Rey nunca estaremos sozinhos na noite.
Ou talvez, Smashing Pumpkins... mas isso você faz com todos.
Nada em especial.
Não há nada em que possa ser especial quando pré-posto
Nem quando se repete. 
Melhor sozinho, nada é tão original quanto cada um de nós na solidão de si mesmos.

Ou, talvez, nem isso. 




quinta-feira, 20 de março de 2014

Retirem as armas dos homens

A realidade é estranha.
A metamorfose é ambulante e lenta.
O ego é sempre mais forte.
A realidade, bela.
A estranheza, boa.
O ego, deve ser vencido.
A metamorfose é de uma realidade estranha.
A realidade estranha vence o ego.

Aceitar a metamorfose tardia e consciente é doloroso.
A realidade não se faz de entendimentos ou sentidos.
Ou vergonha ou medos.
A estranheza é consciente e eficaz.
Aceitar-se.
O estranho em seus diferentes sentidos.
A consciência é entranha, a razão também.
Aceitar a ajuda é retirar as armas das mãos dos homens.

quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

O que somos?

Somos o que somos
Mas nesse o que somos
Não temos certeza de nada
No Brazil, somos todos metamorfos!
Como dizia e diz a música, "preferimos ser essa metamorfose ambulante
Do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo
"
E é assim, todos os dias, por medo,
Medo de nos perdermos em abismos de insegurança
Nos desfazemos, nos desconstruímos,
Todos os dias,
E nos construímos de novo em novas partes
Para novamente nos completarmos
E desconstruirmo-nos.
Eis a beleza, o sentido das cores da vida
É não fazer o menor sentido.
A gente define o azul, por que é azul?
Mas o azul é mais que isso, o que é o azul?
Ninguém se importa e a Terra continua girando.
E o que somos?
Todos nos importamos, nos definimos, e tudo faz sentido.
Mas nos esgotamos!
Reconstruímos as crianças que éramos no reboco.
Engessadas, explicáveis, não inferiores, mas em conformes.
Definidas sob limites.
E o infinito?
Todo ser humano deveria ser um.
E a incerteza?
Um boa e eterna companheira.

segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Remédio

Quando uma estrela deixa de brilhar no céu, encontram-se os encantos da morte.
E a morte simboliza tanta coisa.
Acreditávamos que iríamos morrer em 2012, 2013, mas estamos vivos.
Morremos, nos matamos, de beijos, de lágrimas, de amores e perdas.
São as inevitáveis luzes e seus reflexos.
Agora, temos um recomeço, uma forma repensar, não será agora que morreremos, ou será?
Embora seja tudo o mesmo, as luzes sempre refletem cores diferentes.
É imperceptível ao olhar, mas essa noite o céu era lilás.
E quantas correspondências temos em comum, que ora convergem-se, conflitam-se, desencontram-se mais que os encontros.
Aliás, nunca tivemos um encontro marcado.
A vida é cheia de surpresas, boas surpresas, e as surpresas em nosso cotidiano parecem nunca se repetir.
Pode ser a flor inesperadamente recebida, a infecção indesejada descoberta, detalhes que parecem rotinas inesperadas, surpresas! Inesperemo-as.
Gosto de surpresas, boas ou ruins, mas porque nunca é a mesma coisa.
Como também gosto da rotina, de imaginar seu sorriso, seu toque, seus beijos.
Espero pelo dia em que estaremos juntos de novo.
Eu nunca vou te esquecer, é cliché, mas, quando for a hora devemos deixar as coisas partirem.
Para que venham as surpresas, que venha a nova rotina, os novos novos dias!
Eu simplesmente te amo.


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