domingo, 26 de dezembro de 2010

Dor

As vezes nossa mente vai ficando pesada de mais:
É saber a hora certa pra sorrir, pra ser simpático, pra estar sempre bem,
E isso também pesa!
Só que a bagagem fica mais pesada e ousa nos machucar
Quando temos que carregar a dor de uma perda, a dor de um erro.
Fechei-me, me tornei uma ostra - parte calcário, parte vida - para ser forte:
Forte para suportar a dor e a dor da própria dor.
Meu coração está em partes frio, congelado, esperando ser transplantado,
Esperando ao menos salvar a vida de alguém!
Parte pedra e arte - obra da vida, viva?
Parte a própria vida.
Uma escultura ou qualquer outra obra de arte é realmente feliz?
Vivo.
Mas sem o que faz com que meu cérebro me deixe sem forças,
Sem o que dispara enquanto te vejo e bombeia o sangue que escorre pelo chão que piso
Deixando as marcas daquela velha ferida que eu tento esconder.
Agora,
É sempre a mesma coisa.
É sempre o sorriso misterioso que esconde uma dor.
É sempre o mesmo sorriso.
É sempre mistério.




sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Racionalidade

A racionalidade, exclusiva da natureza humana, não pode ser desmanchada em versos sem falarmos da irracionalidade.

Segredos Antônimos

Segredos antônimos estão explícitos e,
A solta,
Escondidos na sombra das verdades.
Ora apoiados em tanta racionalidade, perderam-se da irracionalidade sem que se perdesse toda conexão:
A irracionalidade nunca largara a racionalidade que estava de mãos dadas aos segredos antônimos explícitos na sombra das verdades e esses foram encontrados.
O ser explicito de uma mentira vunerável deixara de se apoiar em tanta racionalidade.
Ser tão racional visto assim tão irracional?
Acordara como uma taturana, 
Deixara o tempo formar um casulo de aprendizado e verdade, explícito mas invunerável.
Amadurecera e pudera viver livre de toda racionalidade,
Livre de qualquer irracionalidade.


segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Talvez

Saberei se cortarem o meu dedo.
Saberão os ratos se abrirem suas barrigas para retirarem suas entranhas?
Sentirão as flores a poda de suas folhas ou o separar de suas raízes?
Qual será o sentido de nossas ações?
Serão talvez as reações?
O flash de um impulso nervoso bombardeando o meu cérebro em menos de um instante
Não apenas formou uma palavra ou um ser ou uma vida
Formou também o látex, a borracha, a pólvora, a arma,
O pensar e o duvidar.
Construiu um começo e um fim
Sem ao menos pensar no começo ou no fim.
E se existe um fim para cada começo,
Qual será o sentido de nossas ações?
As reações que degradam uma vida?
As reações que constroem um universo?
Ou os impulsos nervosos que ousam corroer o meu cérebro
A toa? Talvez.
O começo e o fim já coexistiram e deixaram um legado:
Que apenas construíssemos começos e fins infinitos,
Formadores de uma inestímavel ponte entre começo e fim: os meios.
E que vivessemos as ações formadoras de uma única reação: a vida.
A toa? Talvez.


domingo, 19 de dezembro de 2010

In-constante

Sem saber, os passos que ele dava levavam-no para a beira de um abismo.
Era um caminho sem volta.
Sem rastros da ação humana,
Nem os pássaros se importavam,
Nem as cobras se intimidavam,
Era um homem invisível a toda ação da natureza.
Era mais uma alma que caminhava constantemente.
Tão constantemente que o mundo parou e ele continuou...
O vento tentara soprá-lo para longe do abismo,
Mas era como um lobo soprando um muro de tijolos.
O homem seguiu com seu caminhar constante
E não havia nada que o desviasse de seu caminho.
Nada material, nada mais constante, nada mais concreto.
Aquele era seu destino.
A grama já estava alta e cobria sua visão.
Seu caminho estava chegando ao fim.
Qualquer passo poderia ser seu último,
Cada passo era uma incerteza,
Cada passo inconstante,
Cada passo de um caminhar constante.
Foi mais um passo e o homem e a alma encontram o abismo.
O imaterial se chocou com o nada.
O constante descobriu o inconstante
E estes partiram em ressonância num caminho sem volta.

O Lar

Abri os olhos e o que eu vi foi um simples branco.
Com pequenas imperfeições e algumas manchas esquecidas ou simplesmente ignoradas.
As palavras que acompanham o vento são assim.
Esquecidas, ignoradas ou guardadas.
Só as encontramos ao abrirmos nossos olhos.
Porém, abro meus braços e abraço um livro inteiro!
Sinto cada palavra preencher cada poro do meu corpo.
Essas se tornam as lembranças.
Mesmo as imperfeições do teto branco são perfeitas!
O piso áspero e sujo me faz ter certeza de um passado feliz!
Mesmo o branco com suas imperfeições e o piso áspero e sujo são perfeitos.
O verde desbotado das folhas do quadro da janela do quarto aconchegante!
As cinzas de um momento tumutuado ainda quente do aprendizado da vida...
As palavras, os desenhos escondidos no mofo das paredes, a cor, a beleza, a sutileza,
O conforto da memória de um lar, onde cresci, onde aprendi, onde vivi!
Mesmo sobre o concreto de palavras ao vento,
Ainda é meu aconchegante lar.


sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Querer compulsivo

É meu, me pertence!
Tire esse sorriso do rosto porque ele é meu, me pertence!
E não fique com essa cara porque ela é minha, só minha!
Você é inteira minha e tudo o que é seu, é meu!
E o que é meu é só meu, me pertence!
Eu quero, eu anseio!
Eu quero tudo, eu quero o mundo.
Eu quero!
Eu quero!
Eu quero.
Como eu não posso ter tudo?
Tudo pode ser pouco.
Eu quero tudo e mais!
Como eu não posso ter tudo?
Como eu não posso ter tudo se tudo é você?
Como eu não posso ter tudo se você me pertence?
Como eu não posso ter tudo?
Como eu não posso ter nada?
Como eu não posso?

Vê: tudo o que eu quero é meu, só meu!
És agora minha e me pertence!

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Psicose

O que eu fiz pra mudar a minha vida? Olha pra mim!
O que você está fazendo pra mudar a sua vida? Fala!
Não sei mais o que sou nem quem eu sou.
Que importância tenho nessa vida ou nesse mundo?
Os olhares que antes eram de uma suposta admiração, para mim, era só desprezo - desprezo de um mundo desprezível.
Ninguém vai te olhar pelo quão bom você é,
As pessoas só vão te enxergar pelo que você tem a oferecer para elas.
A fé? É a única coisa que me resta, mas que também não vai me ajudar.
Estou condenado a viver esse inferno.
E não venha me falar que isso é falta de um amor - era só o que me faltava - Eu tenho quem eu quero e do jeito que eu quero!
Mas o que você acha melhor?
Ter só um pouco ou nada daquilo que você nunca vai ter completamente?
Eu não sei, eu não sei, eu não sei, EU NÃO SEI!
Deve ser por isso que não tenho mais ninguém.
E quando tive alguém perto de mim, só me dava dor de cabeça - era proibido isso, proibido aquilo, faça isso, não faça aquilo - Basta! Dei um basta em toda essa gente que dizia gostar de mim.
Agora você me pergunta se eu me arrependo do que fiz?
Sim, eu me arrependo.
Viver a solidão é viver o pior dos infernos.

sábado, 13 de novembro de 2010

Loucura

 Ser ou parecer ser, eis a questão.
 Onde todos se embreagam do ter para ser,
 A loucura pode esconder nossos vícios
 Mas não quem somos de verdade.

 Na ilusão desse surto noturno,
 Ainda posso ver a verdade
 Mesmo que essa esteja camuflada
 No conflito de um transtorno bipolar.

 A síndrome de borderline
 Não passa de um refúgio
 Para a dor que sente um narcisista.

 De que adianta amar a vida?
 Se em um segundo tudo pode acabar
 E se resumir em uma depressão pós-traumática?

 Talvez o próprio amor seja o melhor remédio
 Desde que ele seja verdadeiro
 E se mostre solidário
 Pois, julgar não é ajudar,
 Julgar é perder tempo para amar.
 Deixe esse momento insano lhe preencher o corpo e a alma...

sábado, 30 de outubro de 2010

Bom Dia!

Enfim o Sol respondeu ao meu bom dia com um sorriso.
Um sorriso amarelado mas carregado de verdade.
Confortei-me com seu calor, ceguei-me com sua luz.

Ainda estou sonhando acordado?
Quando abro meus olhos vejo você ao meu lado!
A intensidade de sua luz ainda me causa vertigens...
Será então só ilusão?

Algumas nuvens se aproximam,
Formam uma barreira que por um momento nos separa
E me faz ver novamente.
O vento gela meu corpo escondido na sombra.
Aos poucos, esse mesmo vento leva as nuvens para seu fim.

Novamente o Sol respondeu ao meu socorro com um sorriso.
Um sorriso amarelado mas ainda carregado de verdade.
Revigorei-me com seu calor, ceguei-me com sua luz.
Agora acredito no que não posso ver.


sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Quando

Quando há tristeza
Eu sou a felicidade.
Quando estou fraco
Eu sou a força.
Quando há dor
Eu sou a cura.
Quando há solidão
Eu sou a companhia.
Quando não há fé
Eu me faço acreditar.
Quando não há saída
Eu crio novos caminhos.
Eu sou o reflexo de mim mesmo.
Se eu quiser mudança, que eu a faça.


domingo, 26 de setembro de 2010

Imagem II


Minha imagem parece esperar conformada.
Espera por algo que teve, mas um dia deixou escapar com a promessa que voltaria.
E, enquanto isso, o destino ri.
Ri, pois nunca o entregará de volta.

Modelo: Andréa Calderan

sábado, 25 de setembro de 2010

Imagem I


Essa imagem traduziu meu dia de hoje.
Não me passa tristeza, nem tédio. Mas sim, adimiração!
E assim, minha felicidade. Um dia lindo!

Modelo: Andréa Calderan

terça-feira, 21 de setembro de 2010

O Peixe Dourado

A menina pergunta a mãe sobre seu pequeno peixe dourado porque ele não se mexia.
A mãe responde que ele estava dormindo.
Em seguida, a menina pergunta porque então, ele não fecha os olhos para dormir.
A mãe responde que era porque ele iria vigiar e cuidar dos sonhos da menina enquanto ela dormia.
No dia seguinte a mãe retirara o peixe morto do aquário sem que a menina percebesse.
Chega a noite e a mãe põe a menina para dormir, começa a ler uma história e para.
O livro cai.
A menina olha sua mãe, estática, ela não se mexia mas estava de olhos abertos.
A menina deita em seu colo, fecha os olhos e sorri singelamente - A mãe cuidará de seus sonhos.
O corpo da mãe cai levemente sobre o corpo da menina.
As duas dormem e o peixe dourado cuidará de seus sonhos.

O Livre-arbítrio

Estou acreditando.
Tenho fé.
Porque você quer interferir em minha vida agora?

Estou cético.
Tenho fé.
Onde está você?

Estou acreditando.
Isso não basta.
Tenho fé.
Mas preciso acreditar.
Tenho o livre-arbítrio!
Mas é muito fácil justificar certas coisas assim.

Você pode me ver,
Você pode me tocar
Sem ninguém saber que eu existo.
Você me encontrou.

Passagem

Os sentidos se atraem e se repelem.
Os sentimentos tomam formas variadas.
A dimensão não deixa de existir, nem são três.
Ela é infinita.
Eu caminho:
Ora vejo, ora toco, ora sinto, ora degusto, ora escuto.
Ora transvejo, ora transtoco, ora transsito, ora transtorno-me.
Transpassam-se os cinco sentidos.
Atravessei uma parede de vidro.

A Viagem - dialogando comigo mesmo.

Estamos tão perto mas ao mesmo tempo tão distantes.
É uma simples viagem o grande problema?
As viagens levam e trazem vidas.
Une e separa pessoas.
Então porque viajamos?
Eu busco o melhor.
Eu busco o que me satisfaz.
Eu me arrisco, é a adrenalina.
Mas ao menos, eu tento, esqueço os medos e vivo.
Vivo novas vidas.
Morro por overdose de adrenalina.
Fico onde estou.

A Dança que me cercava.

Eu sentado.
Duas mulheres.
Dois rapazes.
Os casais se olham mas vêem apenas um casal.
As mulheres se olham.
Os homens se olham.
E o que cada um vê é uma companhia.
Eu apenas os olhara.

Eu sentado.
Duas mulheres se levantam.
Dois rapazes.
Num caminhar singelo, as mãos se atraem e os dedos se cruzam.
Num bailar singelo, elas sorriem.
Eu apenas as olhara.

Eu sentado.
Duas mulheres em sincronia.
Dois homens se levantam.
Num caminhar bruto, a mão cola no peito, os corpos se atraem.
Num bailar brutal, eles sorriem.
Eu apenas os olhara.

Eu sentado.
Duas mulheres em sincronia.
Dois homens em ressonância.
As conexões transpassam seus corpos.
Já não são corpos, são suas almas!
Apaixonadas...

Eu sentado, sorrio, levanto e saio.





Sem Você ou Com Você - meu primeiro poema.

Sem você eu penso no futuro.
Com você eu vivo o presente.
Sem você minha vida cai na rotina.
Com você cada dia é um novo dia,
Único por ser especial.
Sem você minha vida é um tédio.
Com você, eu brigo, suspiro... vivo!
Nos resolvemos e nossas vidas criam um novo sentido.
Sem você, sou um simples e solitário "eu".
Com você, somos "nós" e não há mais nada que valha tanto a pena...
Sem você, o que eu posso amar sempre mais?
Com você, eu sempre tenho um motivo a mais para amar.
Sem você as noites se tornam frias e tristes.
Com você, o dia quente e harmonioso parece não ter fim.
Sem você as horas não passam.
Com você, aprendo a espera o tempo passar,
Pois sei que vou te ver.
Sem você eu busco inspiração.
Com você, minha inspiração se concretiza.
Sem você ou com você?
Já não mais importa.
Sem você ou com você é uma brincadeira,
Uma flor a menos em meu jardim
E que agora seca e morre em minhas mãos,
Enquanto você parte sem perceber o estrago.
Me restam as lembraças.
Me resta somente o aguardar de um novo começo,
Uma nova beleza,
Uma nova inspiração.

Oko Haizenwögger e Elen Souto.

Oko Haizenwögger

Não sei se sou mais do que o espelho pode refletir.
Não sei se sou mais do que aquela foto em ser quarto.
Não sei se sou mais do que você pode tocar.
E por isso você não me encontra,
Por isso voê não me vê.
Por isso você não sente a inha falta.
Mas eu existo.
Embora não conretamente, eu existo.
E tenho um coração
Que palpita duplamente, não em sincronia, mas em ressonância.
Duas vidas que coexistem.
Duas vidas independentes mas dependentes,
Duas vidas que dialogam se completam.
Eu sou o que me faltava.
E o que faltava aos meus olhos,
Dois novos olhos
Que desvendam os detalhes,
A sutileza de um momento de tristeza
Ou a dor de um momento de felicidade.
Detalhes, sutis, e que não se esgotam apenas em palavras.
Descubra-me.

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