domingo, 26 de maio de 2013

A capela

- É preciso da chuva para poder florir. É uma pena que as vezes só é com uma chuva que aprendemos a florir, e as vezes a florada é tão rápida, tão efêmera como a beleza das coisas que nem nos damos conta! - dizia a velha senhora à Sofia em um jardim repleto de margaridas ao lado de uma capela.
- E a vida? Replicou Sofia. Estou sentindo a vida como areia em minhas mãos. Uma réstia de vida é o que sobra, ela parece tão efêmera.
- Olhe as suas mãos, ainda há areia nelas. Se você segurá-las firme terá a areia porquanto puder aguentar segurá-la. E mesmo assim, sua mão continuará suja, marcada, é a vida que tivemos e levamos conosco. Se você lavar as mãos, a vida passa, e nada fica. Não lave as mãos agora, Sofia, segure a areia até achar uma ampulheta.
- Não entendo. O que é a ampulheta?
- O tempo. Entregue a areia somente a ele, o quanto for. No final da vida, vemos o quanto ele foi nosso amigo. Apenas não percebemos.
- Tenho medo da morte.
- Enquanto houver areia na ampulheta, enquanto houver vida, viva. Não há o que temer, Sofia.
Sofia arranca uma margarida do jardim. Nesse momento ela percebe que a margarida só tem um destino: morrer. A senhora se coloca no lugar da margarida e da areia do jardim presa àquela flor, ambas ainda vivem nas mãos de Sofia, que já não tem mais medo pois, a capela estava ao seu lado.


sexta-feira, 24 de maio de 2013

The Goldfish ©

The girl asks her mother about her little goldfish: why it was not moving? Her mother replied that it was asleep, and then the girl asks, why it does not close its eyes to sleep? Her mother replied that it was because it would watch over and take care of the girl's dreams while she slept.
The next day, tired, the mother removes the dead fish from the aquarium without the girl realized it. The night came, and with the little strength remained, the mother put the girl to sleep and begins to read a story - The book falls.
The girl looks at her mother, was static, nothing but her hair moved by the wind were moving, not even her eyes that kapt open. The girl lays down on her lap, closes her eyes and smiles candidly - The mother will take care of your dreams.
The mother's body falls lightly on the girl's body.
The two sleep and the goldfish will take care of your dreams.





Image's copyright:  Joanne Mook Halpin - Milbridge, Maine

quinta-feira, 16 de maio de 2013

Predição

Um antigo quadro fora feito pelas mãos do pintor. A obra tornara-se um evento para os raros artistas e para toda aristocracia de uma época. Enquanto todos assistiam a celebração, esperava-se pelo tempo que fosse. Esperava-se. Ao longe, nos fundos de uma sala, os espelhos que guardam vozes falam através das faces - estampam o orgulho da aristocracia, em um ambiente negro. Eis o reflexo do futuro quadro espelhando a medíocre vida de privilégios. Direitos que começam quando os de  outros terminam. Não há salvação para quem celebra. Ao fundo o espelho prediz o futuro, e nas mãos do pintor está seu reflexo - o espelho eternizado. Corpos condenados, guardados em um espelho na ponta dos dedos de um artista, um guardador de almas condenadas - o mal eternizado. Seriam os espelhos reflexos do passado ou olhar para o futuro? As almas presas no espelho acompanham a vida com seus próprios olhos, a vigia do mal eternizada pelo artista - o elo entre o futuro e um presente-passado. A concentração pede que se entre em um silencio musical - acho que estou ficando realmente louco - me vejo através de reflexos imaginários, onde a passagem pelo espelho é como a cena de um filme.


quarta-feira, 1 de maio de 2013

O rosto jovem e apodrecido


Nasce do chão uma árvore dourada enquanto tudo está cheio de amor no pátio de cinco minutos, onde 1 segundo é uma armadilha, a bomba de um rosto jovem com pele de pêssego.
Em um minuto a árvore floresce; em dois, dá frutos; em três os frutos caem; em quatro, eles servirão de alimento para outras espécies que se aproximam; em cinco, os frutos abandonados ou contaminados apodrecem e o último segundo é uma armadilha, a bomba de um rosto jovem, a pele de pêssego por cinco minutos, apodrecida.



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