Eu queria mostrar, fazer com que sentisse de alguma forma que toda responsabilidade e idealismo que eram atribuídos a mim não eram necessariamente só meus - Ela precisava ver, sentir ou saber que a vida, em certas condições, era pesada não só para mim, pois, em qualquer instante tudo pode dar errado, como é o que tende a acontecer, e as responsabilidades não seriam mais minhas, mas dela também. Bem, queria que soubesse, entretanto, que apesar disso, enquanto estiver vivo, reunirei todas as forças que conseguir para te trazer a leveza da vida.
É engraçado o que o idealismo faz com as pessoas, o prazer romântico da busca por uma perfeição ditada por quem? O que é perfeito? Quem diz que o que faço é errado ou certo? Quem tem o discurso da razão? Pois bem, quando eu tomo um remédio, destruo um problema, mas, em alguns casos, crio ou ajudo a criar mais outros nove problemas. Não sei até onde isso é ético, mas enfim, o médico disse que temos que tomar dado remédio para o nosso bem! Por isso, as vezes, prefiro a dor ou então, por isso também, arrisquei esse caminho. Parece fácil falar ou me ver, sempre feliz e com problemas comuns, nunca fica doente, tem a saúde perfeita! Mas não é fácil manter toda uma estrutura, todo um castelo ou reinado, sem ter em que se apoiar firmemente, e nem em quem para confiar.
Ora, sagrada ironia desse contexto, é fácil assistir o teatro dessa vida, e mais fácil interpretá-lo. Tudo é repetição. Tudo é idealismo. Tudo é romantismo. E cada passo que eu dou, mesmo que em falso, piso certo, pois sou o príncipe, aprendiz de Maquiavel, herdeiro da fortuna e amigo da virtú. Toda nossa humanidade gira em torno de ideais românticos, em repetições de contextos aleatórios, mas o jeito que se leva a vida, é sempre o mesmo, o que se espera das pessoas é sempre a mesma coisa, e assim firmo minhas estruturas interpretando contextos perfeitos ou ideais. E nesse adaptar-se ao contexto em ironia, pessoas sofrem, machucam-se ou até morrem, entretanto, as vezes é preciso, e mesmo que inconsciente disso, é aí que sou sádico e ao mesmo tempo masoquista, pois adaptar-se ao meio, não ser livre, vivendo em prisões de pre-conceitos criados por idealismos e aceitando tais condições para somente sobreviver à seleção natural humana, nos faz sofrer sem que saibamos o motivo, e esse sofrimento nos dá prazer, pois, sofremos para sobreviver!
E cada gemido de sobrevivência que damos nesse ideal sadomasoquista é um orgasmo, ao presente, o presente.
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