O papel em branco me traz recordações que logo me fazem escrever.
Longe daqui, o aqui transforma o que era no que agora é.
As lembranças, os cheiros, as sensações, as marcas ou as dores de um ontem:
Aqui, tudo parece acontecer novamente.
E quem disse que rir ou falar sozinho era coisa de louco?
E quanto a dor e ao sofrimento?
Agora posso escrevê-los.
Posso escrever as lições que tirei desses momentos: as únicas cicatrizes de um sofrimento.
Posso passar uma simples borracha e assoprar toda dor - elas somem!
Ao final, fico com o sorriso no olhar e a saudade.
Selo a carta com minhas ambições e planos
E ela segue seu destino com sua missão.
Um documento escrito de um aqui entregue a tão distante!
E quem saberá se as cartas se perderem antes de chegarem ao seu destino?
Talvez eu realmente não espero que elas cheguem ao seu destino.
O que há por trás da história de uma carta pode ser a verdade ou a mentira.
O ideal de uma realidade ou a realidade de um ideal.
Uma carta, um texto, um poema então não dizem nada?
Lendo a tua carta imaginei o quão feliz você pode estar.
Fico feliz, pois tudo parece ser tão concreto e tangível.
As suas sensações me confortam como se estivesse vivendo esse momento com você.
Mas não estou. Então será um sonho?
Será sua realidade ou será a realidade de quem?
O papel em branco me dá vontade de escrever sobre a realidade além da pupila.
Aquela como a flecha que acertou o lobo e levou seu sangue e seus sentidos.
Um DNA e uma vida.
Talvez um poema também seja só um poema.
Fico com o conforto, com o sorriso e com a saudade.
Parto e vivo. Aqui e agora.
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