Apesar de achar que este blog não tenha mais espaços para meus novos textos pois não representam seu propósito inicial, sinto que esse ainda seja um lugar seguro para os meus pensamentos. Quando eu penso em Oko Haizenwögger, devo estar louco, pois é um espaço meu, criado por mim, mas materializado virtualmente por mim e concretizado em sensações na minha realidade. E chega a ser tão absurda a sua realidade que eu o considero real. Afinal, quantos pseudônimos, heterônimos, não nos confundem, na realidade, com a materialização dos próprios autores, por exemplo? Álvaro de Campos, Alberto Caieiro, Ricardo Reis. A virtualidade, como assim chamamos, está mais próxima da realidade do que pensamos. Ou talvez nos prendemos a uma realidade irreal, em que mais que ações ou partes materiais, temos psique, sensações que por vezes não controlamos e que pensamos que podem ser desligadas, enquanto a matéria transformada. Mas tudo porque não sabemos. Se a filosofia é, das partes mecânicas imagéticas das ciências, a mais fluida, porque ela deveria morrer? As invenções trouxeram consigo as artificialidades, todas elas, virtuais ou materiais, programadas a determinado fim, desde a descoberta do fogo. A vida é o que está fora do artificial. Retorno ao humano. E a vida humana é o ser humano, o animal humano e sua artificialidade. A artificialidade é o que dá ao humano o aspecto de "ser" humano, pois, como ele poderia perceber-se sendo algo que ele já é? A nova filosofia vem da artificialidade que, como ciência, deveria estudar as construções, os monumentos do artificial, virtual, a partir de experimentações. E assim, o humano.
Escuto melodias de dois minutos e meio. Penso: "Quantas palavras posso escrever em dois minutos e meio?" Parece uma eternidade. Escrevo as primeiras coisas que vêm a minha cabeça e que dão sentido ao que estou escrevendo. Há momentos em que eu paro para pensar, e penso: "Há momentos em que paramos de pensar para pensar?" Paro, e olho o que eu escrevo. Será que isso é uma necessidade da escrita? A música caminha para o fim e eu termino antes que ela acabe.
Quantas vezes não terminamos coisas por sentir que estão no fim sem ao menos que ela termine de fato? Descartando a possibilidade de apertar o play de novo. Eu escrevi ao passo em que uma música ressoava cerca de 84 palavras. Poderia ser menos ou ser mais, e o que restou, o dado escrito, quem saberá se foi verdade ou não que ele terminou ao terminar a música? Descartamos possibilidades, pois não pensamos nelas. Escrevi coisas sem pensar, e delas surgiram coisas para pensar. Em que você consegue pensar ao escrever coisas sem pensar?
O tempo nunca me pareceu tão volátil.
Obra em vidro de Mauro Bonaventura